



Na teoria musical, o conceito de tempo é entendido pela pulsação básica que dá norte à música. Naturalmente percebido em cada composição, o tempo é o “bater dos pés”, a “batida de palmas”, o nosso primeiro contato com qualquer forma de musicalidade percebida pelo nosso corpo.
Logo, assim como o tempo é primordial para a construção musical, podemos entender a música como parte integrante do ser humano e, por consequência, da sua casa (em todos os seus sentidos possíveis).
Desconhece-se civilização ou agrupamento que não possua manifestações musicais próprias, o que nos faz crer e interpretar a música como uma ferramenta de união/ aproximação de nós com nossa ancestralidade.
Acredito que esta seja a razão de deixar-mos levar em processos catárticos com música. Sentimos a música, à utilizamos para celebrar, sofrer, nos unir, equiparando o mais urbanóide dos cidadãos ao seu ancestral em um ritual musicado.
A música é, para nós, um refúgio.
Buscando equacionar todas estas questões nasce Tempo, um sistema de som ambiente que procura incorporar-se a casa contemporânea brasileira de maneira discreta, porém conectada. Entendendo a necessidade da música para o homem e seu grande vínculo com gadgets e aparelhos eletrônicos. Buscando neste elemento balancear estas questões de maneira leve, responsiva e inteligente.
A fim de materializar o conceito exposto, buscamos na metalinguagem do “fazer a música” a sua inspiração. Seu desenho remete a instrumentos de percussão – cuja função é, também, a marcação do tempo na estrutura musicada – além de conter no seu imaginário coletivo a percepção da ancestralidade contida no objeto.
Sua escolha de materiais, além de impactar nas características específicas do produto, reforça o caráter sensorial do objeto: as experiência auditiva se soma ao toque e a quentura da madeira criando a aura de conforto e afeto, valores que percebemos como extremamente identitários do design brasileiro, e que buscamos reforçar como potencializadores do “bem estar” de nossas casas.